Fernando Trabach Filho, administrador de empresas, observa que a política fiscal e crescimento econômico: até onde o governo pode gastar? é uma das perguntas mais relevantes do debate macroeconômico atual. Em um cenário de demandas sociais crescentes, infraestrutura deficitária e pressão por responsabilidade fiscal, definir os limites da atuação estatal se tornou um desafio estratégico para países em desenvolvimento, como o Brasil.
Política fiscal e crescimento econômico: até onde o governo pode gastar sem comprometer a estabilidade?
A política fiscal envolve o uso de receitas e despesas públicas para influenciar a atividade econômica. Quando o governo gasta mais do que arrecada, recorre ao endividamento para financiar políticas sociais, investimentos e custeio da máquina pública. Em momentos de recessão, esse aumento de gastos pode estimular a economia; no entanto, se persistente e mal calibrado, gera desequilíbrio fiscal e perda de credibilidade.

Segundo Fernando Trabach Filho, o equilíbrio entre estímulo e responsabilidade é delicado. Gastar demais pode elevar a dívida pública a níveis insustentáveis, impactando a taxa de juros, a inflação e o câmbio. Por outro lado, gastar menos compromete a entrega de serviços essenciais e a manutenção do crescimento econômico de longo prazo.
O papel contracíclico do Estado
Em contextos de crise, como a pandemia de COVID-19, o papel contracíclico da política fiscal ganha destaque. Ao injetar recursos na economia, o governo mitiga os efeitos da retração, preserva empregos e evita colapsos sociais. No entanto, essas medidas exigem planejamento para que não se tornem permanentes e sobrecarreguem o orçamento público.
Os gastos emergenciais devem ser temporários, com mecanismos claros de transição para o equilíbrio fiscal. De acordo com Fernando Trabach Filho, um dos riscos recorrentes é a transformação de políticas provisórias em estruturas permanentes de gasto, sem previsão orçamentária adequada. Isso prejudica a sustentabilidade das contas públicas e reduz a margem de manobra para futuras crises.
Qualidade do gasto público como diferencial
Mais do que o volume, a qualidade do gasto público é fator decisivo para o crescimento sustentável. Investimentos em infraestrutura, educação e inovação geram retorno econômico e social superior ao gasto com custeio ineficiente. Gastos mal alocados, clientelismo e baixa execução orçamentária afetam negativamente o desempenho da economia.
Nesse sentido, a avaliação constante de políticas públicas e o fortalecimento da governança fiscal são fundamentais. A adoção de regras fiscais flexíveis, mas críveis, ajuda a manter a confiança dos investidores e garante que o Estado atue de forma eficaz, sem comprometer sua capacidade de financiamento.
O desafio da ancoragem fiscal
A credibilidade da política fiscal é medida pela capacidade do governo de cumprir metas e controlar a trajetória da dívida. Instrumentos como o teto de gastos, metas de superávit primário e âncoras fiscais servem para sinalizar compromisso com o equilíbrio. Contudo, esses mecanismos devem ser ajustados à realidade econômica e não podem impedir investimentos necessários.
Fernando Trabach Filho destaca que um bom arcabouço fiscal precisa equilibrar disciplina e flexibilidade. Deve permitir resposta a choques imprevistos, mas também conter excessos. O foco deve estar na sustentabilidade de longo prazo, e não apenas em resultados contábeis imediatos. A transparência na gestão das contas públicas é essencial para gerar confiança.
Considerações finais
A pergunta “política fiscal e crescimento econômico: até onde o governo pode gastar?” não tem resposta única, mas exige reflexão contínua. O gasto público pode ser motor do crescimento quando bem direcionado, mas também pode gerar distorções e fragilidade macroeconômica se usado de forma irresponsável.
O administrador conclui que o caminho ideal passa por uma política fiscal eficiente, responsável e transparente, que considere os ciclos econômicos e respeite os limites institucionais. Somente assim o Estado poderá cumprir seu papel de indutor do desenvolvimento sem comprometer a estabilidade financeira do país.
Autor: Kyron Kleftalis