A tributação ambiental tem ganhado espaço nos debates sobre desenvolvimento sustentável e justiça fiscal. Segundo Bruno Garcia Redondo, procurador e professor da UERJ, a adoção de impostos verdes e incentivos fiscais sustentáveis representa uma forma de alinhar o sistema tributário às necessidades ambientais do século XXI. Ao utilizar mecanismos fiscais para influenciar o comportamento de empresas e consumidores, o Estado pode estimular práticas menos poluentes e mais responsáveis.
Impostos verdes: instrumentos de controle e arrecadação
Os chamados impostos verdes são tributos que incidem sobre atividades ou produtos com potencial de causar danos ao meio ambiente. Entre os exemplos mais comuns estão taxas sobre emissão de carbono, extração de recursos naturais, geração de resíduos e consumo de combustíveis fósseis.

De acordo com Bruno Garcia Redondo, os impostos ambientais geram receita pública e funcionam como ferramentas de regulação. Ao elevar o custo de práticas poluentes, forçam empresas a investir em tecnologias limpas, logística reversa e modelos de produção sustentáveis. O desafio, no entanto, é garantir que essas medidas não aumentem a desigualdade ou sobrecarreguem setores vulneráveis.
Incentivos fiscais sustentáveis: estímulo à transição ecológica
O Estado pode atuar de forma positiva por meio de incentivos fiscais sustentáveis. Trata-se de benefícios concedidos a empresas e organizações que adotam práticas ambientais responsáveis, como uso de energia renovável, reaproveitamento de materiais, reflorestamento ou certificações ambientais reconhecidas. Esses incentivos podem vir em forma de isenções, reduções de alíquotas ou acesso facilitado a crédito público.
Conforme Bruno Garcia Redondo, os incentivos fiscais sustentáveis são fundamentais para viabilizar a transição ecológica, sobretudo em setores que enfrentam barreiras de custo para adotar novas tecnologias. Ao reconhecer o esforço ambiental de determinados agentes econômicos, o fisco contribui para criar um ambiente de negócios mais equilibrado e resiliente frente às mudanças climáticas.
Desafios da tributação ambiental no Brasil
A implementação eficaz da tributação ambiental no Brasil esbarra em diversos desafios. O primeiro deles é a necessidade de reforma tributária que contemple, de forma estruturada, a temática ambiental. Atualmente, não existe um sistema fiscal consolidado voltado para a sustentabilidade, e muitas das iniciativas existentes são pontuais e descoordenadas entre os entes federativos.
Como pontua Bruno Garcia Redondo, o déficit de dados e indicadores ambientais que permitam mensurar com precisão os impactos ecológicos das atividades econômicas é um obstáculo. Sem informações consistentes, torna-se difícil definir bases de cálculo justas e estabelecer alíquotas proporcionais.
Caminhos para um sistema tributário mais sustentável
A construção de um sistema tributário ambientalmente orientado exige planejamento, cooperação federativa e envolvimento da sociedade civil. É essencial que as normas fiscais dialoguem com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. A transversalidade das questões ambientais demanda uma abordagem integrada, que envolva desde os Ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente até estados e municípios.
Como destaca Bruno Garcia Redondo, é possível avançar por meio da criação de fundos verdes, da regionalização de políticas fiscais sustentáveis e do fortalecimento da transparência na destinação dos recursos ambientais. A experiência internacional mostra que países que investem na tributação ecológica conseguem não apenas reduzir a poluição, mas também gerar empregos verdes, estimular a inovação e promover justiça social.
O papel estratégico da tributação ambiental no futuro
A tributação ambiental tende a ganhar ainda mais importância nos próximos anos, diante da urgência climática e da pressão por modelos econômicos mais responsáveis. Governos, empresas e cidadãos estão cada vez mais conscientes de que o custo da degradação ambiental recai sobre toda a sociedade. Nesse cenário, os mecanismos fiscais aparecem como ferramentas indispensáveis de governança ambiental.
Bruno Garcia Redondo enfatiza que a criação de políticas tributárias sustentáveis não pode ser vista como um entrave ao crescimento, mas como um caminho para um desenvolvimento duradouro. A sustentabilidade precisa deixar de ser um apelo abstrato e se tornar parte concreta da política econômica.
Equilíbrio entre arrecadação e preservação
A tributação ambiental é uma oportunidade concreta de transformar o sistema fiscal brasileiro em um instrumento a favor do meio ambiente. Ao equilibrar impostos verdes com incentivos sustentáveis, o país pode alinhar seus objetivos fiscais às metas climáticas e sociais. Para isso, será necessário superar resistências políticas, aprimorar os marcos legais e investir em educação fiscal e ambiental. Para Bruno Garcia Redondo, um sistema tributário ambientalmente consciente é uma exigência de um mundo que busca equilibrar progresso e preservação.
Autor: Kyron Kleftalis